quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Adiós, Brasil!

Depois de muito matutar, pensar, esperar luzes no meio do banho, preencher o tempo da madrugada de insônia e discutir sobre isso em momentos de ócio intenso, chegamos à conclusão (eu e Renata) de que não sabemos de um nome bonito, pomposo e que ilustre com precisão, clareza e criatividade esse momento que estamos passando juntas, aqui em Sevilha.
Para cumprir com o compromisso de postagens regulares e começarmos o quanto antes a escrever, mantivemos o diretodesevilla.blogspot.com para contarmos peripécias, aventuras culturais e perrengues pessoais (why not). Dando continuidade ao surto criativo imprescindível e impressionante, chamo esse primeiro texto de “primeiro post” (ironia mode on). Não vou me alongar muito (sempre digo isso e vou parar lá embaixo em 1 segundo, mas vamos lá).
Nosso trajeto se iniciou no dia 11 de setembro, quando, depois de muito procurar, encontrei a Renata caminhando com seu carrinho de bagagens pelo aeroporto de Cumbica. Embarcamos pela companhia TAP, “xcolha’nfelix” (em purtugueix de purtugaul), diga-se de passagem. Isso porque, ao invés de chegarmos por volta das 11 da manhã em Sevilha (como previsto), chegamos por volta das 11 da noite.
Resumo da primeira fila [no aeroporto de Lisboa]: - “preciso ir ao banheiro” - fila pra ver passaporte - “olha a família gringa ali atrás, que engraçada” - “quanto tempo faz que estamos nessa fila?” - “Ah, 1 hora já, já perdemos o próximo pra Sevilha” - “queria um pouco de água” - “olha, aquela fila é mais rápida” - “aqui é classe econômica bein, brasileiro ralé” - “daria um rim por um copo d’água” - “e eu ainda preciso ir no banheiro” -“olha a cara daquele português – muito Manuel!” –“passagem, visto, remarcado” – “16 euros cada uma pra almoçar?” – “nossa, queria dormir” – “nossa, to MUITO cansada”.
Resumo da segunda fila [no aeroporto de Lisboa]: “Olha, aqui só tem africano” –“Cabo Verde, Moçambique, Guiné Bissau, todo mundo fala português, que estranho” – “Olha as negras, que roots! Cabelos de dread e unhas cintilante” – “Nossa, estou caindo de sono!” -“Passaporte, por favor?”.
Depois da segunda fila, fomos nos arrastando de cansaço pelo caminho da comida. Nem tínhamos força pra mastigar. Sentadas, com a desejada garrafa d’água na mão, assistimos a um mini-punk rocker português derrubar todo o saco de confetes no chão. “Quer um meu, pega aqui! Olé, olé!” – a irmã malvada repetia.
Depois de dois pãezinhos e uma cerveja, decidimos pelo prático Mc Donald’s. Sopa de espinafre, no Mc Donald’s, sim isso mesmo. E o espinafre parecia mesmo de verdade. Além disso, pedimos batatas, dois cafés (sem leite “meio gordo” (o semidesnatado português)), e um exagerado sundae que acabou ficando na mesa pra quem quisesse pegar. Eu super comeria ele agora.
Horas de cansaço, tour por banheiros podres, e barriga mais que cheia, embarcamos para Barcelona. Sim, graças aos nossos queridos colonizadores tivemos que subir pra depois descer na Espanha. Ê Manuel.
Enfim, o aeroporto em Barcelona é muito bonito, fingíamos que tínhamos super-poderes e passávamos sempre pelo “chão rolante” (bem parecido com aquele do Confiança Flex de Bauru, mas mais patrão, obviamente). Observamos a conversa forçada de uma loira americana com a sua ‘hijita’. “Did you make another friend? Sweetheart? Ooooh, mommy misses you too, but, i’m coming, i’m coming, apple pie, that’s okay. Have you had dinner? No? Take a shower and then have dinner, okay? Mommy loves you, darling”.
E assim; horas cansativas e preenchidas com um misto de estresse, saudade, ansiedade e felicidade; pegamos o vôo pra Sevilha, de primeira classe, como merecemos, com direito a gazpacho (uma bebida bem útil pra se colocar em cima do macarrão e bem ruinzinha pra beber, diga-se de passagem), espanhol bonitão de comissário de bordo, e um jornal local.
Falei que chegaria no finzinho da página facilmente! Já até mudou e eu nem percebi... Vou acabar por aqui. “E isso é só um dia de viagem, oloco”. O comentário instantâneo da Renata.

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